terça-feira, 1 de novembro de 2011

Novembro com ventos contrários

12h32 - 01/11/2011



Eu sabia que você responderia... por isso aguardei aqui discutindo com o hospital todo, ate pegar no sono.

Acordei com a enfermeira me trazendo a sua carta, ela pediu para que eu fosse embora, meus olhos se enxeram de lágrimas, e eu pedi para que ela se sentasse um pouco ao meu lado e me contasse a cor dos teus olhos, ela não soube responder, se sentou. Eu expliquei para ela cada detalhe seu, e pedi para que te tratasse com mais atenção, disse a cor dos teus olhos e comentei como eles brilhavam, contei também que o motivo de você estar ai, era por conta de pessoas como ela, que desistem e vão embora sem ao menos olhar nos olhos... Ela chorou comigo, me contou que um dia havia doido muito olhar nos olhos e por isso não olhava mais, e eu segurei a mão dela com força, como se estivesse segurando a tua mão e afirmei: - Se você tivesse olhado nos olhos dela, olhado nos olhos da minha Kathy teria visto o que vale a pena, e não teria mais desistido de você. Ela não soube mais o que dizer, mas eu percebi que algumas pessoas apesar de não estarem internadas, sentem, sangram e desejam estar assim, tomando rémedios com bebidas fortes. Ela se retirou e me deixou aqui com a sua carta.

Eu soube deste o começo que você achou que eu não vinha mais, por conta da minha dor, e por conta de você estar do outro lado da rua... mas eu sou mesmo de atravessar ruas sabia? De fazer tudo ao contrário e de ir na contra mão... Gosto mesmo de gente como eu, que vive e pronto, que morre e pronto, que faz drama, chora grita mas ama... gosto de você. Tenho uma vida gigante lá fora, mas cabe todo mundo aqui dentro, e quando percebi que você havia sido enternada de novo permaneci em frente ao teu quarto, até conseguirem me retirar de lá... e eu estava lá na hora da música. Quase me colocaram no quarto ao lado, quase não entenderam nada, quase que desligaram um pouco das minhas lembranças, mas eu lembrei eles que isso tudo não adiantava em nada, e que me colocar em outro quarto só iria me lembrar o quanto amor tem aqui dentro... Pequena, o meu problema é não poder ficar sozinha, então me engano no meio de alguns sorrisos e aguento firme para provar que amor, ah amor dói demais em um quarto escuro, então não entro ele.Não sei se falamos com a mesma infermeira, mas eu vi uma pedindo a conta, e dizendo que a maior doença é o amor não correspondido, e por não poder fazer mais nada, ela se foi, não sei se tinha algum lugar em mente, mas eu vi ela me olhou fundo e pediu pra cuidar de você...


Estou aqui, procurando um calor.
Alice.

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